Por Almir Nahas(*)
Uma das reflexões que podem acrescentar boa dose de autoconhecimento a partir da visão sistêmica alinhada à filosofia de Bert Hellinger, o pai das Constelações Sistêmicas Familiares, é a identificação de qual o impulso essencial de nossas ações e na nossa busca da felicidade. Somos como um carro flex, que pode utilizar dois combustíveis: o medo ou a confiança.
O medo é como um combustível “batizado”, de má qualidade, que faz nosso carro falhar e até parar na beira da estrada. O medo nos faz olhar para trás enquanto tentamos andar para a frente.
Motivados pelo medo, consciente ou inconsciente, a pessoa está lutando na vida para escapar de algo, ela quer fugir, evitar uma situação a todo custo. Com este objetivo explícito ou oculto, o futuro é incerto. Qualquer lugar pode ser melhor do que aquele de que se quer fugir. É a pessoa que se casa para sair da casa dos pais, aceita qualquer proposta de emprego para sair de sua condição atual. Insuportável, investe em projetos com qualquer sócio que apareça, pois o mais importante é se por em movimento para escapar da inércia.
O medo, portanto, não é um bom propulsor. O que ele precisa é ser identificado, estudado, e devidamente superado com recursos próprios ou com ajuda de alguma terapia, aconselhamento espiritual ou metodologia que mobilize recursos internos que tragam clareza, serenidade ou cura. E não há uma receita. Depende da natureza e origem do medo.
A confiança é gasolina aditivada. Nos faz olhar para a frente, facilita manter o foco e a determinação, vê os obstáculos e dificuldades e busca os recursos para vencê-los, sabe andar em sintonia com o tempo, não apressa o resultado, mas mantém viva a certeza de que o destino está lá esperando o viajante.
O planejamento feito com confiança avalia riscos e amplia possibilidades. A confiança não é obstinada, sabe esperar e adequar a rota se for o caso, pois o objetivo é chegar ao destino no tempo certo. A confiança não tem pressa, não tem ansiedade, ela coloca a pessoa totalmente disponível para o Agora e mobiliza todas as forças para se ter o melhor resultado possível a cada passo, a cada dia.
A questão é: caso a pessoa identifique que é movida pelo medo, o que pode fazer? A proposta das constelações é: procure estar em paz com seu passado, diga SIM ao que foi, como foi, e vire a página com delicadeza e decisão. É claro que o medo tem uma origem, e é um tipo de resposta a algo que marcou a história da pessoa ou do clã familiar. O medo precisa, portanto, de atenção, de cuidado e de alguma espécie de cura, para que possa ficar no passado. Portanto, não fuja do medo. Olhe bem para ele, conheça-o e deixe-o, finalmente, passar.
Como fazer isso? Depende de cada caso, de cada contexto, de cada história pessoal. Mas as Constelações propõem um caminho que tem ajudado muita gente.
(*) Almir Nahas é jornalista, empreendedor, professor, palestrante e constelador a serviço de pessoas e empresas.