A velocidade no tempo

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Uma das frases feitas que mais ouvimos nesta época do ano é: “Esse ano voou!!” Eu sempre achei esse tipo de observação meio sem sentido, e quase só consigo reagir com um “é mesmo…” sem nenhuma graça. Se eu paro um minuto ao final de um dia para pensar em tudo o que fiz quando abri os olhos, e constato quanto foi feito, como poderia chegar ao final do ano achando que passou num segundo?

Na verdade o ponto de vista do observador é que dá sentido a muitas coisas, inclusive essa percepção de que o tempo voa. O tempo é ele mesmo desde sempre, e a quantidade de estímulos a que nos submetemos, a quantidade de desejos que assumimos, e consequentemente o tamanho das expectativas que gero em relação a meu “desempenho” em um determinado período é que praticamente determinam a pulsação do nosso viver no tempo.

Experimente agendar um compromisso a menos por dia, durante um mês, e veja se você vai se sentir mais ou menos produtivo. Quer mais do seu tempo não é sinônimo de querer mais tempo para fazer as coisas. Às vezes, são até opostos.

Se entre um compromisso e outro acontecer um congestionamento, com um compromisso a menos na agenda do dia você provavelmente não entrará em stress, e poderá usar esse tempo para pensar e não para se preocupar, enquanto a fila anda-e-para-e-anda. Se o trânsito estiver livre, talvez você ganhe uns 15 minutos para um café, uma livraria, para comprar um par de meias para o seu pai, ou qualquer outra coisinha miúda e normal. Você tenderá a chegar sempre pontualmente, portanto poderá dedicar mais qualidade à sua reunião ou o que for, e assim suas chances de ser bem sucedido no seu objetivo com aquele compromisso aumentam.

Quer que o final de semana dure mais? Experimente programar menos coisas até mesmo para o lazer. Reserve uma manhã ou uma tarde para não fazer absolutamente nada. No começo vai ser difícil, pois a vida anda tão agendada, planilhada e milimetrada, que olhar 5 minutos pela janela, deixando o pensamento flutuar um pouco, já pode dar aquele tédio. Alongar seu tempo é como alongar o corpo: comece espreguiçando devagar, permita-se um movimento lento, conscientemente lento. E será cada dia mais fácil perceber que “agilidade” e “pressa”, “produtividade” e “ansiedade por resultados” não são nem parecidos, e na verdade são quase inimigos. Eu por exemplo, que quero perder peso, estou me condicionando a comer mais devagar. Sem me exigir nada, apenas me reeducando. Se der certo eu conto.

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