Fui parado dia desses na Avenida Paulista por uma equipe de estudantes fazendo uma reportagem. O rapaz me perguntou: “Na sua opinião, qual o posto mais alto de toda a cadeia produtiva?” Rapidamente, sem pensar muito,a resposta saiu assim:
O professor e o lixeiro. Sem ironias, sem comparações entre ambas as profissões. O professor pode mudar o mundo. E alguém que recolhe e organiza o descarte que eu gerei é um servidor essencial, eu dependo muito dele. Depois da entrevista-relâmpago, sai andando e pensando melhor, concordei 100% com a minha resposta.
Os professores são todos os que me ensinaram algo que eu não sabia, que me fizeram pensar em algo que eu não pensava, que foram generosos comigo e me fizeram assim crescer. De nossos melhores professores, instrutores, treinadores, sempre estamos nos lembrando e nos referenciamos neles. Entre nossos mestres, certamente, os livros e seus autores estão incluídos. Se todos os vivemtes conseguirem ter a mesma generosidade dos mestres, com o pouco que cada um sabe seremos bilhões de multiplicadores do conhecimento, e mudaremos o mundo. Naquilo que sou bom, que eu seja um professor. Isso faz e fará bem.
O lixeiro, em quem raramente penso, é função indispensável em qualquer ajuntamento humano. Dimensiono sua importância pela perspectiva de sua ausência. Sem ele, a vida simplesmente se tornaria inviável nos ajuntamentos humanos como estão organizados (aqui sim, tem ironia) hoje. Minha utopia atual é a de um mundo em que cada um seja seu próprio lixeiro. Acho que quando esse dia chegar teremos aprendido a viver dignamente ness e planeta, gerando apenas o CO2 inevitável a cada passada e compensando logo na passada seguinte, hoje acho que isso é o nível de excelência a que pode chegar a qualidade de vida.
Registro aqui minha gratidão e reverência aos que me ensinaram e ensinam e aos que recolhem, reciclam, plantam e pedalam por mim. Ainda preciso muito de ambos. Estou aprendendo a ser como vocês.