Por Almir Nahas(*)
A fenomenologia sistêmica, que é a pedra de toque do trabalho das Constelações como proposta filosófica e terapêutica, tem uma abordagem atemporal. E este é um dos componentes “mágicos” das Constelações.
O tempo linear do nosso cotidiano, esse tempo horizontal, quando acessamos o campo mórfico que se mostra com tanta propriedade numa constelação, dá lugar a um tempo vertical. Podemos vislumbrar o passado interagindo com o presente e indicando os próximos passos, o futuro. Tudo numa mesma imagem.
O que constatamos, com uma constelação, é que ao colocar Ordem no presente, honramos o passado e assim servimos o futuro da melhor maneira possível. O Amor, quando se manifesta aliado à Ordem, abraça e atende a todos, incluindo as gerações passadas e futuras.
Certamente, se você não conhece o trabalho das Constelações, os parágrafos acima devem estar gerando estranheza. Mas para quem já conhece constelação, essas afirmações talvez façam total sentido e sejam compreendidas sem muito esforço.
O que acontece é que, como proposta filosófica e terapêutica, as Constelações olham para a Solução, não consome muita energia tentando entender as razões e motivos das coisas terem sido como foram. A visão das Constelações confia no movimento natural de todos os sistemas familiares. A Vida quer fluir, quer seguir em frente, quer o melhor equilíbrio possível, mesmo diante dos obstáculos mais terríveis, como guerras, crimes ou catástrofes. A vida olha para a frente.
Ao dizer SIM para o destino dos antepassados, e para todas as consequências desse destino, que possam inclusive ter acarretado dificuldades para membros da geração atual, o que passou pode ficar para trás, não como uma maldição que precisa ser negada, mas como um preço que precisou ser pago, mesmo que as razões não sejam totalmente esclarecidas.
O que vivemos hoje, no presente momento, é na verdade o resultado de movimentos da vida que se iniciaram muito antes de nós. E assim como nós mesmos, toda a nossa ancestralidade vem fazendo o melhor possível para a vida fluir.
Se abrimos mão de procurar culpados por nossa situação atual, se buscamos em nossa história o Amor que nos dá força para superar uma dificuldade, todos os nossos antepassados de alguma forma também são beneficiados, porque a vida deles continua em nós, em nosso sangue, em nosso ser, numa memória ancestral que guarda em si muita força, e que levamos conosco vida a fora. Se somos bem sucedidos hoje, existe um mar de gente que nos antecedeu que pagou às vezes um alto preço para que a vida chegasse até nós. E nossas vitórias são deles também.
(*) Almir Nahas é jornalista, palestrante, consultor, facilitador e instrutor de Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais.